A revista Nature propôs há alguns dias um debate sobre se os cientistas deveriam estudar as relações entre raça e QI (quociente de inteligência).
No primeiro artigo, o neurocientista Steven Rose, da Open University (Reino Unido), argumentou que não há validade em tal pesquisa e disse que ela seria perigosa. “Numa sociedade em que racismo e sexismo estivessem ausentes, a questão sobre se brancos ou homens são mais ou menos inteligentes do que negros ou mulheres não seria somente insignificante – ela nem sequer seria formulada.
O problema não é que o conhecimento das diferenças de inteligência entre tais grupos seja perigoso, mas sim que não há resultado válido a ser extraído de tal pesquisa. É apenas ideologia mascarada de ciência.”
Em resposta, Stephen Ceci e Wendy M. Williams, do Departamento de Desenvolvimento Humano da Cornell University (EUA), escreveram que a pesquisa sobre a relação entre raça e inteligência não é apenas moralmente defensável, como também importante.
“Há um crescente consenso acerca da igualdade racial e de gênero em determinantes genéticos de inteligência; a maioria dos pesquisadores, entre os quais nos incluímos, concordamos que os genes não explicam as diferenças entre grupos. Mas algumas questões permanecem não resolvidas. Censurar debates que favorecem explicações genéticas para as diferenças de inteligência não é a resposta a tais mistérios. (…)
Quando cientistas são silenciados por colegas, administradores, editores e financiadores que acham que fazer certas perguntas é algo inapropriado, o processo começa a se parecer mais com religião do que com ciência.”